terça-feira, 29 de maio de 2012

DEMÊNCIA: pesadelo financeiro no século XXI



Um relatório divulgado, mês passado, pela Organização Mundial de Saúde e a Associação Internacional da Doença de Alzheimer- ADI convoca governos e estrategistas políticos, assim como as demais partes interessadas, a fazer da demência uma prioridade em saúde pública.


A preparação do relatório, que recebeu o título Dementia: A Public Health Priority (Demência: Prioridade em Saúde Pública), ficou a cargo de quatro grupos de trabalho compostos de especialistas e recebeu contribuições de quase vinte e quatro colaboradores internacionais e mais de vinte examinadores especializados. Os orientadores do projeto foram o Dr. Shekhar Saxena, Diretor, Departamento de Saúde Mental e Toxicomania, OMS; Marc Wortmann, Diretor Executivo, ADI; Dr. Daisy Acosta, ex-presidente, ADI; Prof. Martin Prince, Instituto de Psiquiatria, King's College, Londres e Ennapadam S. Krishnamoorthy, Diretor e T.S. Srinivasan, Presidente, Instituto de Ciências Neurológicas, Índia.

“A OMS reconhece a dimensão e a complexidade deste problema e convida os países a considerarem a demência uma prioridade formal em saúde pública", afirmou o Dr. Saxena. "No momento, apenas oito dos 194 estados membros da OMS têm um plano nacional de combate à demência em execução e alguns mais desenvolvem algo similar. A nossa expectativa é que outros países se unam à iniciativa, usando este relatório como ponto de partida para fins de planejamento e implementação. Alguns países, como a Índia, dispõem de estratégias nacionais desenvolvidas por organizações da sociedade civil e esperamos que este relatório estimule os governos a adaptarem as referidas estratégias a seus planejamentos nacionais oficiais. Sabemos que a prevalência da doença explodirá neste século, já que vivemos mais – o risco da demência é de 1 em 8 pessoas acima de 65 anos e de surpreendentes 2,5 nas pessoas acima de 85 anos – impacto este que será maior à medida que se sucederem as décadas”.

No prefácio, a Diretora-geral da OMS, Dra. Margaret Chan expôs o relatório como "uma importante contribuição para melhor compreendermos a demência e seu impacto sobre pessoas, famílias e sociedade". Afirma que o relatório "oferece a base de conhecimentos para uma reposta mundial e nacional que facilitará aos governos, estrategistas políticos e partes interessadas um estudo sobre o impacto da demência como uma crescente ameaça à saúde mundial”. A Dra. Chan convocou todas as partes interessadas a "tornar todos os sistemas de atenção social e de saúde bem informados e aptos a reagirem a esta ameaça iminente".

Marc Wortmann da ADI ressaltou a urgência da necessidade de ação: "Com o impacto devastador que exerce sobre os pacientes, suas famílias, comunidades e sistemas nacionais de saúde, a demência representa não apenas uma crise em saúde pública, como também um pesadelo social e financeiro. A cada quatro segundos surge um novo caso da doença no mundo. Trata-se de uma taxa de crescimento assombrosa, equivalente a 7,7 milhões de novos casos de demência por ano – o equivalente à população da Suíça e de Israel. Os nossos sistemas de saúde atuais não têm absolutamente como enfrentar a explosão da crise da demência, já que estamos vivendo mais e há um desastre econômico e financeiro à beira de se evidenciar, pois é um problema social e de saúde de máxima importância. 

Contudo, o relatório também mostra que há muito o que fazer para melhorar a vida das pessoas portadoras de demência e seus cuidadores. Toda a comunidade da doença, como todo o mundo, têm uma dívida de gratidão com a OMS, que se propôs a fazer e fez este relatório. A OMS é a única organização mundial com capacidade para assumir tal papel essencial em questões de saúde pública”.

"Em razão dos números," disse Michael Hodin, Ph.D., Diretor Executivo da Global Coalition on Aging (União Global do Envelhecimento) e Conselheiro Sênior do Conselho de Relações Exteriores, "O Alzheimer, entre as doenças não transmissíveis, precisa de um trabalho urgente e sério. Devemos encontrar vontade política e financiamento para tratamentos mais eficazes, detecção e diagnóstico precoces, prevenção e cura essenciais. À falta deste nível e escopo de atenção, o Alzheimer certamente se tornará um pesadelo financeiro no século XXI, sem mencionar a devastação que causa às pessoas, famílias e comunidade".

A FEBRAZ – Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (APAZ/ABRAZ) compartilhando dessa visão internacional, alerta as autoridades nacionais e à sociedade civil sobre a urgência e importância de se estabelecer um plano nacional de atendimento às pessoas com demência e seus familiares e capacitação de todos os profissionais envolvidos.

Para saber mais, acesse www.alz.co.uk/WHO-dementia-report
Maria Aparecida Guimarães - Presidente FEBRAZ

Jornal O Dia